quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dúvidas sobre o PL da Nova Carreira



O Ministério do Planejamento divulgou a minuta do novo plano de carreira, no texto publicado no Jornal da ADUFRJ (clique para ampliar) são feitos alguns comentários a respeito.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CONSUNI não discute CPPD

A reunião de hoje, dia 23 de setembro, do CONSUNI foi totalmente ocupada pelo tema da ação policial na Praia Vermelha e a questão da reprodução de livros e artigos. Assim o expediente só examinou esse assunto, ficando a homologação do resultado das eleições para a CPPD para a próxima reunião do CONSUNI que só se dará daqui a duas semanas.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Guilda abomina formação ampla

GUILDA ABOMINA FORMAÇÃO AMPLA

Leio na Folha de São Paulo de hoje:

O advogado Evandro Sathler, mestre em ciências sociais e jurídicas e doutor em geografia, viu-se em uma sinuca de bico quando quis prestar concurso para professor em universidade pública.

"Não me qualifico nos editais para docente de direito porque meu doutorado é em ciência sociais, nem nos de geografia porque meu bacharelado é em direito", diz.

O caso de Sathler ilustra um problema emergente: o descompasso entre a presença cada vez maior de profissionais multidisciplinares e sua inserção nas universidades, ainda estruturadas em "caixinhas" -departamentos organizados em torno de uma área do conhecimento.

O jornal lista vários outros casos de pessoas plenamente habilitadas para o magistério, com mestrado ou doutorado em determinadas disciplinas, mas que não podem fazer concurso por não terem graduação na área. No fundo, o corporativismo das guildas. Certo, determinados campos do conhecimento humano exigem uma formação prévia. Ninguém pode fazer um mestrado em engenharia ou medicina sem antes ter passado pelo curso. Mas o mesmo não ocorre nas ciências humanas.

Até 1969, era jornalista que exercia o jornalismo e estamos conversados. Uma junta de militares, mais conhecida como os Três Patetas, tentando cercear a liberdade de expressão, resolveu regulamentar a profissão. A partir de então, só podia exercer o ofício quem tivesse curso universitário. As esquerdas, que lutaram contra os militares mas sempre gostaram da idéia de censura, adoraram a nova lei.

Hoje, são os velhos comunas e petistas os que mais defendem a exigência de curso universitário para o exercício do jornalismo. Tanto que a profissão foi desregulamentada mas ainda há quem tente uma emenda constitucional para reestabelecer o diploma. O que vai na contramão de todos os países do Ocidente. Desconheço país em que tenha vigência este quesito absurdo. Na França, por exemplo, a lei é singela: é jornalista todo aquele que tirar a parte maior de seus proventos do jornalismo.

O mesmo diria de Letras. Ainda ontem, eu contava que minha formação literária ocorreu em um boteco, o Chalé da Praça XV, de Porto Alegre. Nos cafés se discute – e se lê – mais literatura do que nos cursos de Letras. Estes cursos estão contaminados por uma peste oriunda da Europa que contamina o estudo de Letras, a tal de teoria literária. É disciplina absolutamente inútil e que tomará pelo menos metade do tempo do aluno. Teoria literária à parte, você terá de ler os Rosas, Machados, Verissimos e Clarices da vida. Cervantes, Swift, Thackeray, Dostoievski, Kuprin, Nietzsche, Hölderlin, Lagerkvist, Boye, que é bom, ni pensar.

Ah, conheço bem esta via crucis. Quando voltei de Paris, com um doutorado flamante em Letras pela Sorbonne Nouvelle, quase cai no ostracismo porque não tinha curso de Letras. Em verdade, acabei caindo no desemprego. Fora um interregno de quatro anos, como professor-visitante, não consegui mais vaga na universidade. Apesar de ter lecionado Literatura Brasileira e Comparada e orientado teses durante quatro anos. Transcrevo a seguir crônica que escrevi há mais de quatro anos, onde faço um relatório de meu calvário.

Mas foi bom. Amor facti, como diria Nietzsche. O desemprego me empurrou para São Paulo, onde voltei ao jornalismo. (São Paulo sempre acaba chamando). Escapei do deserto de idéias de Florianópolis e dos miasmas exalados pela ilha. E da burocracia universitária. Descobri que ilhéu tem a cabeça do tamanho da ilha em que habita. Me dei conta disto quando descobri que no curso de Filosofia da UFSC havia uma ementa: História da Filosofia Catarinense. Pode? O Estado nunca teve um filósofo e no entanto já tinha uma história da filosofia.

Como dizia Camus, ao chegar em Porto Alegre: “je déteste ces ilôts de civilization”. Desemprego pode ser muito transformador. Foi o meu caso. Da ilha, guardo comigo boa lembrança de algumas alunas e de raros amigos. O resto, o ensino universitário, foi pura perda de tempo, caminhada rumo ao inútil.



AS TRÊS VIAS DE ACESSO


(junho 2006)


Após ler minha crônica sobre os cavacos do ofício do jornalismo, uma amiga me pergunta porque não estou lecionando numa universidade. Coincidentemente, a resposta está no artigo de Cláudio de Moura Castro, na Veja da semana passada:

“Na UFRJ, um aluno brilhante de física foi mandado para o MIT antes de completar sua graduação. Lá chegando, foi guindado diretamente ao doutorado. Com seu reluzente Ph.D., ele voltou ao Brasil. Mas sua candidatura a professor foi recusada pela UFRJ, pois ele não tinha diploma de graduação. Luiz Laboriou foi um eminente botânico brasileiro, com Ph.D. pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e membro da Academia Brasileira de Ciências. Mas não pôde ensinar na USP, pois não tinha graduação”.

Estas peripécias, eu as conheço de perto. Começo pelo início. Nunca me ocorreu lecionar na universidade. Eu voltara da Suécia, cronicava em Porto Alegre e fui tomado pela resfeber, doença nórdica que contraí na Escandinávia. Traduzindo: febre de viagens. Li nos jornais que estavam abertas inscrições para bolsas na França e me ocorreu passar alguns anos em Paris. A condição era desenvolver uma tese? Tudo bem. Paris vale bem uma tese. Tese em que área? Busquei algo que me agradasse. Na época, me fascinava a literatura de Ernesto Sábato. Vamos então a Paris estudar Sábato.

Mas eu não tinha o curso de Letras. O cônsul francês, ao me encontrar na rua, perguntou-me se eu não podia postular algo em outra área. Em Direito havia mais oferta de bolsas. Poder, podia. Eu cursara Direito. Mas do Direito só queria distância. Mantive minha postulação em Letras. Para minha surpresa, recebi a bolsa. A França me aceitava, em função de meu currículo, para um mestrado em Letras, curso que eu jamais havia feito. Nenhuma universidade brasileira teria essa abertura. Aliás, os componentes brasileiros da comissão franco-brasileira que examinava as candidaturas, tentaram barrar a minha. Fui salvo pelos franceses.

Fui, vi e fiz. Em função de meu currículo, aceito para mestrado, fui guindado diretamente ao doutorado. Tive o mesmo reconhecimento que o aluno do MIT. Acabei defendendo tese em Letras Francesas e Comparadas. Menção: Très bien. Não me movera nenhuma pretensão acadêmica, apenas o desejo de curtir Paris, suas ruelas, vinhos, queijos e mulheres. A tese não passou de diletantismo. De Paris, eu escrevia diariamente uma crônica para a Folha da Manhã, de Porto Alegre. Salário mais bolsa me propiciaram belos dias na França. Foi quando minha empresa faliu. Conversando com colegas, fiquei sabendo que um doutorado servia para lecionar. Voltei e enviei meu currículo para três universidades. Sei lá que loucura me havia acometido na época: um dos currículos enviei para o curso de Letras da Universidade de Brasília.

Fui a Brasília acompanhar meu currículo. Procurei o chefe do Departamento de Letras. Ele me cobriu de elogios, o que só ativou meu sistema de alarme. Que minha tese era brilhante, que meu currículo era excelente, que era um jovem doutor com um futuro pela frente. Etc. Mas... eu tinha apenas os cursos de Direito e Filosofia, não tinha o de Letras. Me sugeria enviar meu currículo ao Departamento de Filosofia, já que a tese tinha alguns componentes filosóficos.

Ingênuo, fui até o Departamento de Filosofia. O coordenador me recebeu muito bem, analisou minha tese, cobriu-a de elogios. Mas... eu não tinha o Doutorado em Filosofia. Apenas o curso. Considerando o grande número de artigos publicados em jornal, sugeria que eu fosse ao Departamento de Comunicações. Besta atroz, fui até lá. O coordenador considerou que meu currículo como jornalista era excelente. Mas... eu não tinha o Curso de Jornalismo.

Na Universidade Federal de Santa Catarina abriu um concurso para professor de Francês. Já que eu era Doutor em Letras Francesas, me pareceu que a ocasião era aquela. Duas vagas, dois candidatos. Fui solenemente reprovado. Uma das alegações foi que eu falava francês como um parisiense, e a universidade não precisava disso. A outra, e decisiva, era a de que eu tinha doutorado em Letras Francesas, mas não tinha curso de Letras.

Já estava desistindo de procurar emprego na área, quando fui convidado para lecionar Literatura Brasileira, na mesma UFSC que me recusara como professor de francês. Convidado como professor visitante, o que dispensa concurso. Mas o contrato é por prazo determinado, dois anos. O curso precisava de doutores para orientar teses e eu estava ali por perto, doutor fresquinho, recém-titulado e livre de laços com outra universidade. Fui contratado.

Acabei lecionando quatro anos, na graduação e pós-graduação. Findo meu contrato, foi aberto um concurso para professor de Literatura Brasileira. Me inscrevi imediatamente. Uma vaga, um candidato. Me pareceram favas contadas. Ledo engano. Eu não tinha o curso de Letras. Fui de novo solenemente reprovado. Não tinha graduação em Letras.

Na mesma época, abriu um concurso na mesma universidade para professor de espanhol. Ora, eu já havia traduzido doze obras dos melhores autores da América Latina e Espanha (Borges, Sábato, Bioy Casares, Robert Arlt, José Donoso, Camilo José Cela). Vou tentar, pensei. Tentei. Na banca, não havia um só professor que tivesse doutorado. Pelo que me consta, jamais haviam traduzido nem mesmo bula de remédio. Mais ainda: não tinham uma linha sequer publicada. Novamente reprovado. Minhas traduções poderiam ser brilhantes. Mas eu jamais havia feito um curso de espanhol.

Melhor voltar ao jornalismo. Foi o que fiz. Anos mais tarde, já em São Paulo, por duas vezes fui convidado para participar de uma banca na Universidade Federal de São Carlos, pelo professor Deonísio da Silva, então chefe de Departamento do Curso de Letras. Uma das bancas era para escolher uma professora de Literatura Espanhola, outra uma professora de Literatura Brasileira. Deonísio sugeriu-me participar, como candidato, de um futuro concurso. Impossível, eu não tinha o curso de Letras. Quanto a julgar a candidatura de um professor de Letras, isto me era plenamente permissível.

Por estas e por outras – e as outras são também importantes, mas agora não interessam – não estou lecionando. Diz a lenda que na universidade da Basiléia havia um dístico no pórtico, indicando as três vias de acesso à universidade: per bucam, per anum, per vaginam. Lenda ou não, o dístico é emblemático. A universidade brasileira, particularmente, é visceralmente endogâmica. Professores se acasalam com professoras e geram professorinhos e para estes sempre se encontra um jeito de integrá-los a universidade. A maior parte dos concursos são farsas com cartas marcadas.

Pelo menos na área humanística. As exceções ocorrem na área tecnológica, onde muitas vezes a guilda não tem um membro com capacitação mínima para proteger. Contou-me uma professora da Universidade de Brasília: “eu tive muita sorte, os dez pontos da prova oral coincidiam com os dez capítulos de minha tese”. O marido dela era um dos componentes da banca. A ingênua atroz – ou talvez cínica – falava de coincidência.

Na universidade brasileira, nem um Cervantes seria aceito como professor de Letras, afinal só teria em seu currículo o ofício de soldado e coletor de impostos. Um Platão seria barrado no magistério de Filosofia e um Albert Camus jamais teria acesso a um curso de Jornalismo. No fundo, a universidade ainda vive no tempo das guildas medievais, que cercavam as profissões como quem cerca um couto de caça privado. Na Espanha e na França, desde há muito se discute publicamente a endogamia universitária. Aqui, nem um pio sobre o assunto. E ainda há quem se queixe quando os melhores cérebros nacionais buscam reconhecimento no Exterior.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Resultado das eleições para a CPPD

Prof. Titular
Não houve candidato

Prof. Associado
Luis Paulo Vieira Braga (Instituto de Matemática) - 49
Denise Fernandes Lopez Nascimento (Faculdade de Odontologia)  - 40
Suzana  Scheimberg de Makler (Instituto de Matemática) - 36
José Luiz Lopes da Silveira (Escola Politécnica)- 18

Prof. Adjunto
Ronaldo de Souza Leão Lima (Faculdade de Medicina) - 258

Prof. Assistente
Luiz Claudio Moreira Gomes (Faculdade Nacional de Direito) - 33
Mirella Giongo Galvão da Silva (Faculdade de Odontologia) - 21

Prof. Auxiliar
José Albuquerque Costa (Faculdade de Administração e Ciências Contáveis) - 8

Prof. Ensino Fundamental e Médio
Não houve candidato

Total de votos brancos
50

Total de votos nulos
44

Total de votantes
557


Parabéns aos membros da comissão eleitoral !

Vitor Mario Iorio
Claudia Santos
Annita Gullo
Paulo Cesar Lopes Pereira
José Carlos de Oliveira
Seleve Alves Maia

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

CPPD-UFRJ: votação e apuração

CPPD-UFRJ: votação e apuração

Luis Paulo Vieira Braga



Nos dias 1-2 de setembro foi feita a votação nos candidatos por categoria docente da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) da UFRJ. Lamentavelmente não se apresentaram candidatos para as categorias de titular e do ensino fundamental/médio. A organização das eleições foi ambiciosa, prevendo 34(trinta e quatro) seções eleitorais que incluíram os campi avançados de Macaé e Xerém. O comparecimento às urnas foi relativo, somando algumas centenas de professores num universo de cerca de 3.500 docentes.

Seção CCS-03 em funcionamento no dia 1 de setembro

A apuração foi feita no dia 3 de setembro na sala anexa ao CONSUNI conforme previsto no Regimento Eleitoral e se estendeu até depois da meia noite. A Comissão Eleitoral vai divulgar um relatório completo em meados dessa semana, mas posso adiantar aos meus colegas associados que obtive o maior número de votos na categoria, habilitando-me como o representante efetivo indicado pela categoria. Agradeço, desde já, a confiança que demonstraram na minha pessoa.

Comissão eleitoral apurando os votos
 
O relatório da Comissão Eleitoral vai ao CONSUNI para homologação, somente após esse ato é que o Reitor designa os novos representantes que terão um mandato de 3(três) anos. Apelo a todos que apoiaram a minha candidatura a acompanhar, com atenção, o desenrolar dos próximos episódios do processo eleitoral.